sábado, 13 de junho de 2009

DOR DA MINHA ALMA

"Felizes os que choram, porque serão consolados." Mat. 5:4

Essa certeza eu tenho em TODOS os momentos de choro que já tive no decorrer desses 52 anos de existência. Eu recebi consolo de Deus.

Mais um papel na minha caixa de lembranças.

Essa foi uma oração que escrevei, em Maria Farinha/Pernambuco; num treinamento realizado pelo setor da Visão Mundial, (A Visão Mundial é uma Organização Não Governamental (ONG) Cristã Humanitária e de Desenvolvimento criada em 1950 e presente em aproximadamente 100 países. Trabalhando no Brasil desde 1975 com o enfrentamenbto da pobreza e da exclusão social.)

Eu era responsável por toda preparação e organização dos Encontros e treinamentos, onde trabalhávamos: Desenvolvimento Pessoal, Planejamento Pessoal, Missão Pessoal, etc.

Era um daqueles momentos muito conturbados da minha vida. Agravado devido a tantos acontecimentos na minha vida familiar, vivenciados desde o ano de 1997. Naquele momento, eu estava esgotada. Esse ano era 2002, acabava de ser definida minha separação que se arrastava há alguns anos, ainda bastante sofrida com um problema vivido por um dos meus filhos. Mas, como havia aprendido com meus pais, continuava trabalhando e acreditando que tudo ia ficar bem. Era só uma questão de tempo. Só que nessas horas, o tempo é infindo.

Há bastante tempo eu vinha com uma agenda bastante cheia. Trabalho tempo integral, faculdade à noite, curso de inglês aos sábados além de quatro filhos, minha mãe que veio morar comigo depois que meu pai faleceu e toda demanda de uma casa. Tudo isso para administrar. Emocionalmente eu estava muito fragilizada, fisicamente esgotada, mental e neurologicamente estressada.

Preparei o encontro; Apresentação em Power Point, apostilas, escolher textos, enfim, tudo que um bom curso necessita. Quem ministrava era Carlos Queiroz, naquela época ele era responsável por esse setor em todo Brasil. Muitas vezes, ainda era e ainda é, convidado para ministrar em outros países, principalmente da América do Sul. Está sempre viajando. Falarei sobre ela em outro post.

Bem, assim que todo material estava pronto. Eu comecei a me sentir muito mal com a viagem. Como se tivesse um presságio. Não queria de forma alguma viajar. Chorava muito. Só que eu era a única pessoa que trabalhava nesse setor junto com o Carlos. Profissionalmente tive que ir. Lembro-me que fomos de ônibus para Natal, lá nos enontramos com outros funcionários da base de Natal, e de lá fomos de carro até Recife, de Recife para Maria Farinha. Lugar belíssimo! Hotel delicioso. Mas, nada me animava.



Primeiro dia, cumpri todo o ritual necessário para montar o auditório para o treinamento. Realizamos a primeira parte, paramos para o almoço. Fui para o apartamento e lá eu tive uma absurda crise de choro. Só voltei para o auditório no terceiro momento. E era justamente o momento de reflexão, onde após lidos alguns textos, nos foi sugerido escrever um pedido, uma oração. Momento de lamentação a exemplo de muitos salmos na Bíblia onde os salmistas, desabafam suas amarguras, lamentam suas dores, suas fraquezas, seus pecados e imploram, misericórdia. E eu fiz a minha. Alguns colegas de outros estados que se estavam naquele encontro me pediram para copiar a oração. Então, eu acho que de alguma forma eu consegui por no papel não só as minhas dores, mas de outros. Pode ser a sua também. Mas, nunca se esqueça e tenha absoluta certeza de que:

"O choro pode durar uma noite. Mas, a alegria vem ao amanhecer. Salmos 30:5"

Transcrição da minha Oração

Deus, tenha misericórdia de mim, tenha misericórdia de mim...!

Senhor Tu sabes como estou, o que sou e porque estou assim... e Tu sabes também que não encontro nas palavras uma que represente ou que expresse sentimentos tão confusos, angustiantes que estão quase me levando ao desespero. Me desespero quando imagino que o Senhor não me fez essa pessoa amargurada e que não consigo mais sentir a alegria que o Senhor havia me presenteado...

Eu fiz algo que a destruísse, Pai? Quero me redimir... Mas... me redimir de quê? Se não estou vendo nada, não consigo lembrar onde se quebrou, se rompeu...!

Pai mostre-me os caminhos, as soluções.
Pai me faça ver o caminho que por ventura o Senhor já tenha me mostrado,
abra-me os olhos para ver o que Tu Senhor, já tenhas colocado na minha vida, nas minhas mãos, na minha família, no meu trabalho e que eu ainda não tenha conseguido enxergar...

Pai me perdoe pela cegueira, ou surdez que por acaso esteja me encarcerando nesse malzoléu tão profundo de amargor, desilução, desesperança.
Gosto de morte, desejos de morte, se contrapondo a vontade de viver intensamente feliz e alegre.
Gosto de morte, se contrapondo a facilidade que os meus olhos tem de contemplar a natureza magnífica que o senhor nos deu... a saúde, os verdadeiros amigos...

Pai, livra-me da angústia, desse aperto no peito, dessa dor no meu coração... não quero me fazer de vítima, nem estou a busca de chamar atenção, só se for a TUA ATENÇÃO...
Preciso que venha do Senhor, segundo a TUA VONTADE o acalmar da minha alma. Que o senhor coloque de volta no meu rosto o sorriso da alegria verdadeira e nos meus olhos o refletir de uma alma que esta tranquila no Senhor.


Amém.
Recife - 10/10/2002.


quinta-feira, 11 de junho de 2009

A FRENTE DO MEU TEMPO

1974 - Aos 17 anos de idade - Eu fiz um curso de perfuração. Uma espécie de digitador. Naquela época o meio que se usava para armazenamento de dados eram os cartões perfurados - cartões "de papel" perfurados em código BCD(Binary Codec Decimal). Era como incluir dados e comandos nas máquinas. Os dados eram impressos em cartões através de pequenos furos. Até bem recentemente, alguns sistemas utilizavam este tipo de equipamento.) Como se utilizássemos hoje o CD, DVD, Pen Drive, enfim. Quem trabalhava com isso recebia o nome de PERFURADOR.

Eu confesso a vocês que fico intrigada para lembrar de onde eu tirei essa idéia, o que eu vi, ou ouvi que pudesse me despertar interesse para essa área. Já que não tínhamos televisão, o meio social onde estávamos inseridos era de pessoas simples, trabalhadores assalariados de pouca instrução, de profissões e funções subalternas; num lugar longe das grandes e mais importantes novidades. Sem deixar de mencionar que aquela não era a era da informação.

Embora, fosse no Rio de janeiro, não estávamos no grande centro do Rio. Mas, sim, na Baixada Fluminense. Lugar esquecido pelos governantes, a não ser na época de catar votos.

Distante onde os pobres conseguem comprar algum terreninho pra ter uma casinha, sem se preocupar com aluguel.

Sem que eu percebesse, Deus já guiava meus passos. Óbvio que com esse "networking," Era impossível fazer um curso deste e ingressar na área e por em prática o que se aprendeu e desenvolver; além do agravante de que naquela época a informática, não era popular como hoje.


Então, lá se vai o primeiro curso profissionalizante, que não me levou a nada. Perto de completar 18 anos, me sentindo deslocada pelas idéias, sonhos e imaginações, completamente descontextualizada do meio em que vivia.

Queria pegar mundo, conhecer, descobrir o que existia de fato de tudo aquilo que minha alma me apontava.
Também não me lembro como foi que eu me tornei então: FRENTISTA. Talvez graças a educação rigorosa e até grotesca que recebi, principalmente por parte da minha mãe.

Mulher forte, que não admitia, fraqueza, corpo mole. Ela sempre nos contava com orgulho que durante sua adolescente e início da juventude morando no morro do Andaraí. Tinha que ir pra mata da Tijuca buscar lenha na cabeça para cozinhar; e que ela não admitia que seu feixe de lenha fosse menor do que os dos seus irmãos homens.

As frases que ela sempre mencionava pra nós em casa eram:
- "Enquanto descansa, carrega pedra",
- "o que arde cura,"
- "o que aperta segura."
Ou seja, além de ter um nome que pertencera sempre a generais de exército como já contei. (bíblia). Fui educada para lutar, para aguentar o que viesse. E assim, eu não escolhia o que fazer. Se era pra trabalhar honestamente e ganhar um dinheiro honesto. Seguia em frente.

Havia ao lado desse posto um prédio de apartamentos populares. Num dos andares, moravam umas mulheres e elas ficavam lá de cima, da janela, jogando piadinhas e insinuando que eu fosse lésbica. Imagina a minha figura: Cabelo black power, vestida num macacão feito de mecânico à frente de uma bomba de gasolina. Para aquela época, chegava ser escandaloso.

Já começou aí, sentir de forma clara que a vida, o mundo não era fácil e que nem encontraria pelo meu caminho só pessoas boas, de boa índole e que facilitaria pra mim. Que nada, a partir daí comecei encarar a guerra ! E a descobrir que vier é belo. Mas, não é fácil.

Você pode imaginar, há 35 anos atrás, uma mulher, trabalhando como frentista?
Pois é eu Adna, depois de carregar areia lavada na carroça pra vender; agora black power, vestida num macacão, vou trabalhar em um Posto de Gasolina que existia, não sei se ainda existe, no final da Av. ... no Centro de Nova Iguaçu, próximo da Via Dutra, avenida que liga, Rio de Janeiro a São Paulo - Av. Presidente Dutra.

Não fiquei muito tempo. Não me lembro os detalhes da minha saída. Mas, não parei, não desisti.

Me matriculei num curso de Datilografia em Nova Iguaçu.




Sou do tempo da máquina de escrever.
Sensacional!

Curto demais ter acompanhado de perto, usado profissionalmente e passado por toda essa evolução tecnológica; da máquina de escrever manual, elétrica até o nosso PC - Personal Computer, o Computador Pessoal, ao notebook, MP3, 4, 5, 7, MP10 e sabe-se lá o que está sendo lançado nesse minuto. São tantas novidades, que nem nos dá tempo para conhecer a todos, principalmente na nossa classe social. Mesmo assim, me sinto privilegiada. Minha curiosidade continua aguçada e arvorada à descobrir para que serve, qual a utilidade e me ponho a vasculhar a internet para conhecer. E como eu gosto de tudo isso! Me identifico. Trabalhei tanto com a IBM como com a REMINGTON(eram as marcas famosas); de fita e de esfera, quem trabalhasse com uma dessas era sinal que estava numa empresa muito boa porque utilizava tecnologia de ponta. (rsrs)Essas eram as esferas, substituiram as fitas que sujavam os papéis, resultando assim num trabalho mais limpo. E as 18 anos minha carteira foi assinada pela primeira vez, como Auxiliar de Escritório. Na empresa "A Rural e Colonização S.A." Era a imobiliária que administrava o loteamento onde nós moramos em Nova Iguaçu. Já falei mais detalhadamente sobre ela em um dos posts abaixo.

terça-feira, 9 de junho de 2009

MINHA VIDA É ANDAR POR ESSE PAÍS

Olá,
Você que acompanha minha história segue minha jornada:

"Minha vida é andar
Por esse país
Pra ver se um dia
Descanso feliz
Guardando as recordações
Das terras por onde passei
Andando pelos sertões
E dos amigos que lá deixei."
(Composição: Luiz Gonzaga e Hervê Cordovil)

Bem, me pediram para relatar o que vim fazer aqui no Ceará.

Antes, preciso contar alguns detalhes pra você entender melhor a cronologia dos fatos.

- 1969 ano que chegamos em Nova Iguaçu, perdemos aquele ano letivo. Como já contei não havia colégio;



Vista Parcial da Cidade de Nova Iguaçu
(O bairro que morávamos, ficava há 30 minutos desse centro, de ônibus)



1971
com 14 anos, acho que já existia o colégio 7 de setembro, no Conjunto Residencial Rosa dos Ventos. Nós três, eu e meus irmãos, estudamos lá. Minha mãe fazia doces e salgados pra meu pai levar pra vender no trabalho dele. Lá na aeronáutica, onde trabalhava como Torneiro Mecânico - civil. Ganhava Um Salário Mínimo.

domingo, 7 de junho de 2009

SUPERAÇÃO





"Será que irá atingir a superfície da minha clara

consciência essa recordação, o instante antigo que a
atração de um instante idêntico veio de tão longe
solicitar, comover, erguer no mais fundo de mim?
Marcel Proust"

Como uma legítima sonhadora, idealizei aos 14, 15 anos, (década de 60), cursar o Normal - era formação para professora. Depois, Direito. Sonhava ser também, uma advogada reconhecida por estar de fato e de direito ao lado da justiça. Nunca me casaria ou teria filhos. Queria ser uma mulher
independente. Sonhava, depois de formada, comprar um apartamento na zona sul do Rio e morar sozinha. sonho audacioso para aquela época.

Mas, as condições eram deveras adversas. Morar na Baixada Fluminense, num loteamento sem infraestrutura alguma: sem calçamento, sem energia elétrica, sem água encanada, sem ônibus, sem escolas, sem posto de saúde. Dá pra imaginar ?

Pois é. Foi assim:
  • Nasci na Tijuca - do nascimento até os dois anos de idade morei no Morro do Andaraí. "Vou andaraí, com a cabeça levantada..." hehehehe (trecho da música da Preta Gil) março/1957
  • dos 2 aos 9 anos de idade no bairro de Gramacho, em Duque de Caxias e; 1959 a 1966
  • dos 9 aos 12 anos de volta ao Morro do Andaraí e então; 1966 a 1969
  • dos 12 aos 33 anos de idade no bairro de Vila Marina conhecido hoje, como Palhada em Nova Iguaçu - 1969 a dezembro/1989
  • Aos 33 anos e 10 meses - janeiro de 1990 - Vim morar em Fortaleza no Ceará. - Aqui minha vida mudou, abri minha mente para novos Paradigmas. Pois é ele que orienta e move nossas decisões, nossas ações. Mudei as lentes como via tantas coisinhas sem significado importante que até então havia aprendido a me apegar, que viraram hábito e eu achava que era verdade absoluta e definitiva. Aqui sim, vi e continuo vendo muitos dos meus sonhos se realizarem.
    Realizarei os outros? Ainda não sei. Vamos continuar escrevendo literalmente e figurativa essa história.